É inquestionável que a onda das certificações de qualidade chegou ao segmento de saúde no Brasil. É cada vez mais usual vermos entidades médicas investindo e divulgando suas ISO’s 9000 e certificados de Acreditação Hospitalar, seja ONA, Joint Commission ou Acreditação Canadense.
Por conta disso, temos também debatido cada dia mais com gestores deste segmento, sobre a importância da qualidade para os processos organizacionais, bem como instrumento de marketing institucional junto à comunidade.
Sendo assim, decidimos ampliar este debate, para desmistificar o que é ISO e como usar esta ferramenta de qualidade a seu favor.
ISO significa Internacional Organization for Standardization e é uma organização não governamental estruturada por meio de uma rede global, que identifica quais padrões internacionais são requisitados por negócios, governos e sociedade, Estes padrões são agrupados e chancelados por certificações reconhecidas mundialmente, que têm a meta de adequar sistemas de gestão de qualidade, que permitem organizar e padronizar um conjunto de processos. As mais conhecidas são as ISOs 9000 (processos produtivos) e ISO 1400 (meio ambiente).
A partir deste compacto briefing, podemos desenvolver alguns raciocínios:
O primeiro ponto é que por mais que represente, uma certificação ISO ou de Acreditação, não são sinônimos na totalidade do conceito de Qualidade.
É possível ter uma destas certificações e não ter plena qualidade, da mesma forma como não ter, também não é possuir qualidade nenhuma. A vantagem delas é que – como são reconhecidas nacional e mundialmente – o processo cognitivo de associação com a Qualidade é imediato, despertando assim, os olhares do público consumidor. A situação é a mesma com bandeiras internacionais de cartões de crédito. Ter o adesivo na porta do seu estabelecimento da Visa ou Master Card, certamente lhe trará maior trânsito de pessoas e de negócios.
Bom, mas por que dissociar a certificação do conceito? Por uma questão muito simples: custo. Existe uma máxima – principalmente no mercado corporativo – de que em breve, quem não possuir ISO, não poderá mais fazer negócios. Verdadeira ou falsa, a questão, porém, é que os custos para obtenção e manutenção destas credenciais não são baixos. Mesmo com iniciativas de popularização, ainda é um produto inalcançável para a maioria das empresas brasileiras.
O último ponto é que possuir uma certificação, não é como ir a um shopping, compra-la e pôr na parede do seu consultório. É preciso muito planejamento, treinamento, documentação e acompanhamento, para que a cultura da qualidade seja internalizada na cultura organizacional a sua empresa. Se a ideia for possuir uma certificação, ou acreditação para só fazer a publicidade do seu negócio, aqui vai a dica de diversos gestores que já a possuem: “conquistar a certificação é difícil, mas e muito mais fácil do que mantê-la.
Mas qual a saída então? O primeiro sentimento é de que a certificação é, por enquanto, opcional, mas a qualidade da sua empresa, não. Caso seu hospital, sua clínica ou consultório não se enquadrem nos padrões, por conta do que foi descrito acima, desenvolva o seu. Crie o seu próprio padrão de qualidade. Veja o que pode ser incorporado das certificações descritas, importado das empresas de referência, que descrevem e normatizam diversos processos para o exercício da profissão.
Se for possível, empacote-a, criando uma identidade e peças de divulgação para os clientes. Mas de preferência, procure definir seu programa de qualidade em consonância às expectativas do seu cliente.
Afinal, será ele quem vai atestar se o seu padrão está bom ou ruim; e com isso, continuar e consumir de seus serviços. Raciocínio válido tanto para o seu programa particular, quanto para estabelecimentos já certificados ou acreditados.