Blog

O Impacto da Crise Econômica na Saúde Privada.

Há meses que a economia do Brasil, associada há uma indefinição política, vem preocupando os cidadãos brasileiros, desde um simples assalariado, aos maiores empresários do país.

Ao contrário do que muitos afirmam que no setor da saúde não existe crise, esta nos assolou.

Especialistas apontam que os custos das operadoras de saúde não param de subir, e estas operadoras, na visão de muitos, são as grandes vilãs da saúde suplementar, porém a cada ano aumenta-se a cobertura de exames, consultas com especialistas, procedimentos de alta complexidade, incorporação de novas tecnologias entre outros benefícios fornecidos aos seus clientes.

O que se percebe é que com todas as exigências da Agencia Nacional de Saúde, frente às operadoras de saúde para atendimento dos usuários, houve uma contribuição para que profissionais da área não tenham salários atrativos como no passado, uma vez que as operadoras precisam de alguma forma reduzir os seus custos, e uma alternativa encontrada foi à redução da remuneração dos profissionais da saúde.

Grande parte dos produtos médicos hospitalares de alta complexidade, os quais denominamos de Órteses, Próteses e Materiais Especiais são importados, ou seja com a alta do dólar, estes se tornam mais caros, tendo o fornecedor/distribuidor brasileiro, que repassar estes custos aos hospitais, que por consequência atingem as operadoras de saúde e até mesmo o nosso cliente final, o paciente.

Mais um fator que está causando impacto na redução de atendimentos e procedimentos cirúrgicos nos hospitais, é a perda dos planos de saúde dos funcionários de grandes empresas que com a crise financeira instalada, muitas tiveram como alternativas para se manterem no mercado a demissão em massa de parte de seus colaboradores e estes por consequência perderam sua participação nos planos de saúde, que geralmente 70% do seu custo são pagos pela empregadora.

Outro ponto a se destacar é que com a redução de funcionários nas empresas, o medo da perda de seu emprego, muitos colaborares não estão realizando consultas de rotina, procedimentos cirúrgicos, com receio de ficarem afastados por um período muito longo do ambiente de trabalho, já que em momentos de crise, ficar fora de foco na empresa, pode ser a chave para uma possível demissão. Logo cirurgias eletivas, consultas e procedimentos que poderiam ser adiados, agora estão sendo cancelados.

A crise provocou uma redução do número de atendimentos particulares dentro dos hospitais, principalmente clientes dos serviços de cirurgia plástica, dermatologia e procedimentos simples, que podem ser adiados para outra oportunidade. Grandes instituições hospitalares apontam que houve uma redução de 10% de internações dos clientes provenientes das operadoras de saúde.

Na atual conjectura vemos as operadoras de saúde pressionando os hospitais por uma redução dos custos assistências, renegociando seus prazos de pagamentos que em geral era de 30 dias, agora estão começando a pagar em 60 e 90 dias, os hospitais por sua vez também estão renegociando suas tabelas com seus fornecedores, exigindo maiores prazos de pagamentos, lutando para se manterem de pé em um mercado cada vez mais competitivo.

Distribuidores de produtos médicos hospitalares especiais relatam que houve uma redução de 15 a 25% do seu faturamento no segundo trimestre de 2015, e que para driblar este momento encontraram como alternativa aumentar o prazo de pagamento aos clientes e não repassando a alta do dólar em seus produtos. O que também gera uma diminuição nos seus lucros.

Uma tendência do mercado para driblar a crise, os altos preços dos produtos médicos hospitalares especiais, é a comercialização direta destes produtos por parte das operadoras de saúde, uma vez que estas realizam as compras diretamente dos fornecedores, oferecendo menor tempo e garantindo o pagamento, tirando dos hospitais a chamada taxa de comercialização, e uma vez que as operadoras tem um maior volume, elas têm obtido êxito neste novo modelo de gestão, conseguindo melhores negociações junto aos fornecedores.

Daí a importância das organizações de saúde se adequarem a modelos de gestão que atendam as necessidades e particularidades da área, com uma visão estratégica, um plano de negócios bem elaborado, objetivando assim a continuidade de um serviço de qualidade e um menor impacto da crise econômica no setor da saúde.

Infelizmente não estamos imunes a crise, mas podemos fazer um planejamento, como dito acima, para passar por este momento, sem sofrer grandes prejuízos.

Enfermeiro. Especialista em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar. Experiência como Enfermeiro Assistencial e Supervisor de Serviço de Atenção Domiciliar, como Professor de Curso Técnico em Enfermagem, como Assessor e Representante Técnico Comercial de Produtos Médicos Hospitalares. Palestrante e Facilitador de Workshop de Feridas e Primeiros Socorros.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso lhe ajudar?