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O Enfraquecimento da Relação Médico-Paciente.

Atualmente os tratamentos médicos estão cada dia mais avançados.Os profissionais da saúde têm a sua disposição uma série de equipamentos que os auxiliam no atendimento ao paciente, e o avanço tecnológico proporciona mais facilidades aos médicos, para que os diagnósticos sejam os mais corretos possíveis e definidos em um menor período de tempo, fazendo com que o paciente tenha um tratamento eficaz, cada vez mais rápido.

Porém, a pesar de tantos avanços em tecnologia, ocorre ao mesmo tempo um retrocesso no contato médico-paciente. O olho no olho, o exame físico, a conversa franca entre o médico e seu paciente, sobre o estado de saúde daquele indivíduo, está cada vez mais distante. Contrário ao que deveria ser, pois os pacientes, seus acompanhantes e seus familiares, esperam por respostas, requerem mais atenção do médico e sem elas acabam ficando mais ansiosos, e em muitos casos até sem saber o que está acontecendo com eles.

Muitos são os relatos de pacientes que saem dos consultórios médicos com uma lista de exames a serem realizados, sem ao menos serem tocados pelos médicos.

Uma das razões pode ser explicada, pela demanda muito maior no atendimento médico e hospitalar. Com isso, esta relação vai se perdendo no decorrer do tempo, devido em parte a carga de trabalho que estão submetidos os profissionais médicos, e da área da saúde em geral.

Mas, será que podemos creditar toda a culpa nestes profissionais? Acreditamos que não, já que uma grande parte dessa perda é devida a própria população, pois há casos de pacientes que chegam ao consultório solicitando exames que segundo eles nunca fizeram e que estes ou aqueles outro tipo de exames irá ajudá-los.

Outro ponto fundamental é a falta de critério de urgência e emergência que as pessoas têm sobre seus sinais e sintomas, já que muitas vezes chegam aos pronto-socorros com problemas que poderiam tranquilamente ser resolvidos em ambulatório, gerando, filas desnecessárias e sobrecarga de trabalho.

É necessário que médico e paciente tenham um bom relacionamento, baseado na credibilidade e confiança, pois existem alguns médicos que se sentem agredidos quando são interpelados pelos pacientes, que exigem os exames, ou que já chegam ao consultório com o diagnóstico do “Dr. Google” em mãos, questionando. E por outro lado, casos de pacientes que se sentem desprezados pelos médicos, quando o médico solicita todo tipo de exame, sem ao menos ter tocado o paciente.

O que os gestores, diretores clínicos e diretores técnicos devem observar é a forma como seu cliente está sendo tratado, se ele está satisfeito com o atendimento prestado, ou tem alguma reclamação ou sugestão. A partir daí, com base nesses dados, devem elaborar um plano de ação para reeducar seus profissionais e também os seus clientes, para que o atendimento seja mais humanizado e menos mercantilizado como está acontecendo atualmente.

Nada substitui o contato físico, ele é muito importante para a relação médico-paciente. Porém parece que este contato, o exame clinico, tão estimulado pelos mestres, deixou de ter a importância que tinha, e ficou em segundo plano.

Para poder reverter essa situação é necessário, um pouco de esforço de todas as partes, para voltarmos a ter uma consulta como a que tínhamos há anos atrás: o médico ouvindo, revisando o paciente e esclarecendo as suas dúvidas, e deixando-o ciente, também aos seus acompanhantes e familiares, sobre tudo o que será feito para que seja recuperada sua plena saúde.

Administrador Hospitalar pelo Centro Universitário São Camilo. Ampla experiência em rotina administrativa hospitalar, negociação de valores de materiais de alto custo e atendimento ao cliente. Busca se aprimorar com conhecimentos para a gestão e motivação de pessoas no ambiente hospitalar. Experiência em relacionamento com clientes, busca de novas parcerias e negócios.

2 comentários em: “O Enfraquecimento da Relação Médico-Paciente.

  1. Esse enfraquecimento levou a fragmentação do paciente que perdeu sua própria identidade, não encontrando um diagnóstico correto para a sua doença; e o pior adicionando várias iatrogenias e medicações desnecessárias aumentando o custo global e pessoal.
    O valor de cuidados deve ser medido não em volume, mas em resultados obtidos.
    Precisamos desenvolver o cuidado no ciclo completo para a condição clínica do paciente, praticando com isso a “slow-medicine”; que vai propiciar um atendimento mais holístico e com menores custos para todos.
    Domingos Jardini

  2. Concordo plenamente com suas razões. O árduo labor na gestão de um equipamento de saúde envolve, dentre outras dificuldades, a concepção do profissional da saúde no desempenho de suas funções, no que tange ao exercício de conceitos básicos e importantes sobre humanização e acolhimento. Nesse sentido, considerando o notório avanço das técnicas de diagnóstico e tratamento, torna-se salutar ao gestor, bem como às respectivas chefias médicas, empregar ferramentas de gestão específicas para “doutrinar” o profissional médico no sentido de atuarem em conformidade com as normativas que regem a profissão (médica), bem como de não olvidarem de empregar, ainda, a Medicina tradicional (exame físico detalhado, conversa com o paciente, anamnese condizente com o histórico clínico do paciente etc).
    Infelizmente, no cotidiano hospitalar, encontramos profissionais médicos que criam barreiras à sua atualização a, porque não dizer, humanização, exclusivamente no tocante aos princípios da relação médico-paciente que é, e sempre foi, uma dos princípios basilares da Medicina tradicional. Muitas vezes o médico não sabe e tem dificuldades de assimilar conceitos inerentes à humanização. Ressalte-se que comumente deparamo-nos com a dificuldade do referido profissional no trato com o doente, somente preocupando-se com o “doente”, e não com o ser humano, resumindo suas particularidades ao “quadro clínico” apresentado, ou até mesmo atendo-se ao histórico passado pelo paciente, sem a realização de anamnese clara e objetiva, exames clínicos/ físicos, tudo com o intuito de confirmar ou refutar a hipótese diagnóstica inicialmente traçada.
    É imprescindível a conduta médica/técnica empregada pelo profissional da Medicina no cotidiano de um equipamento de saúde, na manutenção da vida ou cura do paciente (atividade fim), entretanto, não podemos olvidar que a Medicina tradicional evolui a cada dia e, com ela, estão mais presentes os conceitos de cidadania e dignidade da pessoa humana. Assim, muitos pacientes têm condições de aferir seus direitos e deveres, contando, inclusive, como bem ponderado no texto, com a internet e busca de opiniões complementares de profissionais diversos daqueles que lhe destinam seus serviços médicos.
    Um dos conceitos que devem ser trabalhados, contando com a recepção e compreensão, por parte do profissional médico, é o da conscientização do referido agente, no sentido de que a Medicina emprega técnicas de diagnóstico, tratamento e, por vezes, de cura propriamente dita, porém, não se resume somente a isto, haja vista que também devem ser severamente seguidos e aperfeiçoados o trato com o paciente e o respeito dos valores inerentes à dignidade da pessoa humana, tanto destes como os de amigos e/ou familiares. Os profissionais de saúde, sobretudo os médicos, convivem com situações delicadíssimas da vida humana, como nascimento, sofrimento, dor e morte, entretanto, não podem deixar de ter como constante a consciência de sua função social, acima de qualquer paradigma ou status, bem como é dever de cada profissional médico zelar pela sua essencialidade, enquanto profissionais e representantes dignos (que devem ser), da valorosa e admirável profissão que envolve as ciências médicas.

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