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Startups ou Startcopies na área da Saúde?

Nos últimos anos, estamos vendo o aparecimento de vários aplicativos médicos e sites na área da saúde que, supostamente, prometem dar uma solução inovadora para um mercado ávido, por querer facilitar seu dia a dia.

Muitos desses sites se fazem chamar “Startups” e, com isso, querem conquistar um determinado público o mais rápido possível para começar a faturar, recuperar o investimento e lucrar. Porém, assim como aparecem do nada, igualmente muitos deles já estão desaparecendo.

Para quem ainda não está familiarizado com o conceito, cabe lembrar que uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. Mas para a área da saúde, em especial, o conceito deveria ser completado com inovador, diferente, criativo e viável.

Por quê? Porque o que realmente estamos vendo no mercado de startups na área da saúde são cópias de modelos, basicamente americanos, que por lá tiveram sucesso e são replicados por aqui, sem levar em consideração estudos de mercado ou planos de negócios específicos para startups.

O que está acontecendo? Esses modelos de negócios deixaram de ser inovadores, o que deveria ser o principal ingrediente de toda startup. E ao perderem sua essência inovadora para ser uma cópia de um modelo feito em outro mercado, em um macroambiente totalmente diferente, perdem também sua capacidade de ser repetível e escalável e até a incerteza vira certeza, porque esse modelo específico de alguma ou outra forma já foi testado.

Como exemplo, vou colocar o modelo de marcação de consultas pela internet. Esse modelo, como tantos outros, nasceu nos Estados Unidos em 2007 e rapidamente foi aceito pelo seu público e virou sucesso. Por aqui já foram lançados pelo menos seis sites que fazem exatamente o mesmo. Eles têm uma agenda, o paciente pode procurar por um profissional e agendar a sua consulta pela internet, o paciente não paga nada pelo serviço e é cobrada uma taxa do profissional de saúde, supostamente porque está ajudando-o a captar mais clientes.

O que temos com isso? Seis ou mais empresas disputando o mesmo mercado, com o mesmo “diferencial” e resolvendo o mesmo “problema”. Quer dizer, nenhuma delas pode ser considerada startup, caindo no clássico modelo de microempresa, brigando em um mar vermelho, proibido para quem quer ser diferente. E ainda podendo incorrer em problemas éticos, porque segundo o presidente do Cremesp, elas visam lucro e interferem na relação médico-paciente.

Justamente para tentar ser diferente e esquivar essa polêmica, uma nova concorrente entrou na briga, sem literalmente brigar, pois a ferramenta é completamente grátis para todos os usuários de saúde e também para os profissionais. Com isso, podemos dizer que esse site adquiriu um diferencial competitivo, pelo menos, por agora. Claro, esse modelo terá que buscar outras formas de monetização para poder continuar suas operações e subsistir. E no final, quantas delas sobreviverão sem mudar o seu modelo? É uma questão que vamos ter que esperar para ver.

Esse exemplo nos ensina que o único caminho para o sucesso se chama inovação e tem como sobrenome criatividade. Ao mesmo tempo, tem que estar acompanhado de estratégias, conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e experiências, que permitam formar algo verdadeiramente diferente.

Matéria do Dr. Edgar Luna publicada no site Doutor Teuto – Pfizer no dia 13 de Agosto de 2012.

Médico especialista em Administração Hospitalar e Marketing em Saúde. Autor do composto "10 P's do Marketing em Saúde". Professor do curso online Marketing Estratégico para Clínicas e Empresas de Saúde. CEO da HMDoctors, Assessor da Stratas Partners (Suíça) para o acesso ao mercado hospitalar brasileiro, Consultor de Gestão de Carreira e Marketing Médico, e Revisor de artigos e publicações sobre Gestão, Empreendedorismo e Marketing em Saúde para a revista eletrônica Gestão e Saúde da Universidade de Brasília - UNB. Formado em medicina com pós graduação em epidemiologia, formado em administração hospitalar e MBA em organizações hospitalares e sistemas de saúde pela FGV. 16 anos de experiência em hospitais públicos, privados, institutos de pesquisa clínica e consultor para empresas nacionais e multinacionais.

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