Um dos itens que consideramos de maior relevância, se o objetivo é tomar decisões, é a gestão de custos. São muitos os desdobramentos que a informação de custo possibilita ao gestor. Neste artigo, iremos comentar sobre a margem de contribuição.
Margem de contribuição é a quantia em dinheiro que sobra do preço de venda do serviço após retirar o valor do custo variável e as despesas variáveis. Esta quantia é que garantirá a cobertura do custo fixo e gerar lucro. Ela representa uma margem de cada serviço vendido que contribuirá para a empresa cobrir todos os seus custos e despesas fixas, chamados de custo de estrutura/suporte.
Antes de avançarmos precisamos definir alguns outros conceitos:
- Custos variáveis: se alteram na mesma proporção da variação do volume das atividades. Correspondem aos insumos inerentes à produção. Ou seja, o custo variável só acontece caso haja produção.
- Custos fixos: não são influenciados pela variação do volume de atividades, dentro de uma determinada capacidade. Correspondem aos custos vinculados com a infraestrutura e ocorrem mesmo sem produção.
Como descrito acima, a margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e o custo variável. Por exemplo: um exame é vendido para uma operadora pelo valor de R$50. Para a realização do exame, incidem os custos variáveis: filme, contraste, honorário do médico que realizou o exame e o laudo, totalizando R$28.
Ou seja, este exame gerou uma margem de contribuição no montante de R$22 (R$50 – R$28) ou 44% referente ao valor do que foi pago para a operadora.
É primordial deixar claro que a margem de contribuição não é o lucro (resultado final), mas no momento de uma negociação ou de uma tomada de decisão, é um instrumento de suma importância.
Vamos para alguns exemplos: Uma clínica obteve de receita no mês o valor R$100 mil. Os custos variáveis acumularam um valor de R$47 mil, e os custos fixos, R$43 mil, com resultado final (lucro) de R$10 mil. Com a diferença entre R$100 mil e R$47 mil, chegamos a R$53 mil (ou 53% de margem de contribuição), valor que sobrou para cobrir os custos fixos e gerar lucro.
Com base nesses números, podemos deduzir que se a clínica deseja pelo menos um lucro de 10% nos diversos serviços efetuados, ela deve ter uma margem de contribuição de pelo menos 53%.
Em geral, uma clínica tem serviços diferentes, bem como valores diferentes dependendo da negociação com a operadora. Portanto, as margens de contribuição têm uma grande variação. Seria muito bom se conseguíssemos que todos os serviços efetuados tivessem uma margem igual ou superior aos 53%, no caso do exemplo acima.
Todavia, nem sempre isso é possível. Já tivemos a oportunidade de ver situações com serviços que geram margens de 2% até 80% ou mais. Muitos serviços geram margens bem inferiores à desejada, ocasionando um prejuízo para a instituição. Porém, é importante esclarecer que isso não quer dizer que devemos excluir este produto ou serviço, pois, apesar de gerar prejuízos, ainda sobra algo na venda desse item para ajudar a pagar os custos fixos.
O que é altamente recomendado é evitar ao máximo a ocorrência de produtos/serviços com margem negativa, pois isso significa que a instituição está prestando um serviço no qual terá que pagar para realizá-lo.
Por exemplo: a operadora remunera a clínica por um determinado evento o valor de R$40. Para a realização desse evento, temos os seguintes custos variáveis: medicação – R$15; honorário do médico – R$22; comissão do profissional que indicou – R$5; totalizando R$42. Ou seja, na realização desse procedimento, não sobrou nada para ajudar a pagar os custos fixos e será necessário retirar R$2 (R$40 – R$42) de outro procedimento com margem positiva para cobrir o déficit gerado.
A margem de contribuição identifica o que realmente sobra para a empresa.
Concluindo, lembramos, ainda, que muitos segmentos usam o cálculo da margem de contribuição para desenvolver promoções, como as companhias aéreas, que oferecem passagens a valores bem inferiores em determinados horários e voos.
Na área da saúde não podemos fazer isso, pois os valores dos procedimentos, são tabelados, e não sofrem alteração, conforme o horário que forem sendo realizados.
É importante para os gestores utilizarem a margem de contribuição, para tomarem as decisões mais acertadas, para que o seu hospital tenha uma lucratividade maior, beneficiando a todos.