Blog

Costuma prescrever Tratamento antes de obter o Diagnóstico?

Como médico sempre me preocupei de realizar uma boa anamnese, examinar o paciente e quando necessário, solicitar exames complementares para obter um diagnóstico preciso e assim oferecer o tratamento mais adequado a meus pacientes.

Claro, sabemos que, algumas vezes e dependendo da situação do paciente, precisamos começar um tratamento empírico, baseado na nossa experiência para tratar a situação, porém sempre queremos chegar a um diagnóstico e dependendo do resultado dos exames, mantemos ou mudamos nossa conduta terapêutica. Eu tenho certeza que até aqui, para você, profissional de saúde, não há nada de extraordinário e estará pensando que todo profissional da saúde deve fazer o mesmo pelo bem-estar do paciente.

Ainda, como sabemos, segundo o Art. 37 do Código de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina é vedado ao médico prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento.

Agora eu pergunto, se como profissional de saúde, você tem essa preocupação com seus pacientes, por que não tem a mesma atitude com sua empresa ou instituição? Acha que ela não precisa de um Especialista em Gestão em Saúde para solucionar seus problemas?

Estar à frente de um negócio, não quer dizer necessariamente que sempre vamos levá-lo adiante. A rotina do dia a dia não oferece tempo para parar, repensar, analisar, dentro de uma visão integrada e metodológica, pois na maioria das vezes, até os profissionais que contratamos, como analistas ou gestores, que poderiam estar com estas atribuições, estão normalmente ocupados com outras prioridades.

Diversas vezes como consultores somos chamados pelos profissionais que dirigem seus próprios negócios, narrando diversas dificuldades na gestão, marketing, custos das operações, ou outra, mas também querendo nos dar as pautas e supostas soluções do que devemos fazer. Isso é como o paciente que chega na consulta com o diagnóstico e tratamento na mão, porque já pesquisou.

Entenda bem, quando a organização apresenta algum mal funcionamento em termos de gestão, ela está “doente” e essa doença tem “sintomas”, falhas que muitas vezes nem você mesmo sabe explicar como ou por que apareceram e é evidente que como não é especialista no assunto, dificilmente saberá resolvê-los ou “curá-la”.

Para que o especialista possa dar um “tratamento” adequado, tenha um resultado bem sucedido, e seu negócio volte a ter a “saúde restabelecida”, é necessário avaliar a situação e fazer um diagnóstico adequado.

O diagnóstico, neste caso, assim como quando atendemos um paciente, deverá ser feito com um atendimento personalizado, com perguntas e respostas para entender a problemática das falhas ou as necessidades, elaborando o “histórico do paciente, mediante anamnese e exame físico”, representado no mundo da administração pelo briefing.

Briefing é um conjunto de informações, uma coleta de dados, primários e secundários, que o especialista fará, para depois poder desenvolver o trabalho. A palavra inglesa briefing significa “resumo” em português, é um documento, um dossiê contendo a descrição da situação da empresa, seus problemas, oportunidades, objetivos e recursos para atingi-los.

Por isso, é importante que o responsável pela administração da empresa, ofereça a maior quantidade de informações possíveis, e responda com veracidade sobre os problemas que afetam o negócio, as expectativas, o tempo esperado para os resultados aparecerem, os objetivos que espera e quando solicitado também a verba, o orçamento que será disponibilizado para determinada ação.

Quando necessário, o especialista também deverá fazer uma visita pelos departamentos ou setores da instituição, conversar com as pessoas e revisar documentos, e fazer uma pesquisa de dados secundários afim de complementar a pesquisa, para obter um diagnóstico mais preciso, e depois elaborar o planejamento das ações e as estratégias a serem seguidas.

Portanto, um bom diagnóstico situacional da empresa é de fundamental importância para o levantamento de problemas, que por sua vez fundamenta o planejamento estratégico que permite desenvolver ações estratégicas de gestão mais efetivas e focadas nos problemas encontrados.

[easy_contact_forms fid=2]

Médico especialista em Administração Hospitalar e Marketing em Saúde. Autor do composto "10 P's do Marketing em Saúde". Professor do curso online Marketing Estratégico para Clínicas e Empresas de Saúde. CEO da HMDoctors, Assessor da Stratas Partners (Suíça) para o acesso ao mercado hospitalar brasileiro, Consultor de Gestão de Carreira e Marketing Médico, e Revisor de artigos e publicações sobre Gestão, Empreendedorismo e Marketing em Saúde para a revista eletrônica Gestão e Saúde da Universidade de Brasília - UNB. Formado em medicina com pós graduação em epidemiologia, formado em administração hospitalar e MBA em organizações hospitalares e sistemas de saúde pela FGV. 16 anos de experiência em hospitais públicos, privados, institutos de pesquisa clínica e consultor para empresas nacionais e multinacionais.

4 comentários em: “Costuma prescrever Tratamento antes de obter o Diagnóstico?

  1. Realmente um bom profissional avalia o seu cliente de várias formas,e procura saber de sua história (anamnese), para poder ter mais informações do tipo, quando começou, onde e etc… e depois fechar com um diagnóstico se possível…pois existem quadros clínicos que precisam de alguns exames para poder fechar por completo o seu diagnóstico, é claro que a maioria das vezes as informações dadas pelo cliente já são suficiente para que o diagnóstico seja esclarecido e outras vezes é necessário uma complementação.
    Na área de saúde não pode existir a palavra “talvez”….não existe um bom profissional falar que talvez a medicação melhore o seu cliente. Não podemos trabalhar com “achismo”… tipo eu acho que vai passar, que você vai melhorar….pois estamos lidando com pessoas que estão colocando a sua vida em nossas mãos e confiam em nosso trabalho.

  2. Esta é a linha de um ótimo atendimento, porém isto requer “tempo ” em ouvir , olhar no olho e examinar o paciente, porém a grande maioria dos médicos por “falta” de tempo, e pela correria em querer atender o maior número possível pois implica em maior faturamento, invertem a ordem da excelência da consulta que seria anamnese/exame clínico e se necessário como diz o Dr.Edgar, solicitar exames complementares.
    Se todos focassem nesta linha, os planos de saúde não estariam super lotados para marcações e realizações de exames, que no final, sempre são repassados os custos para os usuários. Sou enfermeira e trabalho tb na classificação de risco para o atendimento , confesso que é muito difícil o usuário entender que os exames não são o diagnóstico e sim complementação da avaliação médica. Explico e continuarei sempre , pois esta também é minha linha de raciocínio. Parabéns Dr. Edgar!

  3. É a triste realidade do mercado, Edgar! Principalmente em serviços de pequeno porte; em algumas situações até os de médio porte, entendem que não devem dispor de recursos para investir em uma administração séria e correta. Não conseguem distinguir a enorme diferença entre despesa e investimento, e não se apercebem da perda de resultados.
    Abraço e Parabéns pela colocação!

  4. Parabéns pelo artigo Edgar! Tive a oportunidade de estudar em um dos mais renomados centros de pesquisa em Gestão Hospitalar. Inclusive, dados coletados por esse grupo de pesquisa indicam que na maioria dos hospitais e clínicas do Brasil a gestão é feita por médicos, muitas vezes o próprios fundadores.
    O problema é que eles não são treinados para serem gestores e as competências de gestão são completamente distintas das competências clínicas. Cabe ressaltar que os Engenheiros têm maior propensão para serem bons gestores de hospitais e clínicas do que os próprios médicos! Todavia, naturalmente, o médico pode sim aprender a gerir, mas eles têm tempo disponível?
    Neste cenário, dentre outros fatores, fica fácil entender por que a Saúde é mais lenta que outros setores. A falta de dedicação em gestão faz com que as inovações demorem a chegar, aspectos básicos de gestão sejam ignorados e assim vai.
    Sem dúvidas, consultores e gestores especializados podem sim economizar muito dinheiro e tempo. Mas ciente disso, por que tão poucos hospitais e clínicas têm esses profissionais especializados?

Deixe uma resposta para André Ramos Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso lhe ajudar?