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Segurança como Política nas Organizações de Saúde.

A segurança é tema crucial dentro das organizações corporativas nos dias de hoje, e no setor de saúde não é diferente.

Os profissionais, os pacientes e a própria organização precisam estar protegidos por uma política institucional que garanta a identificação e o gerenciamento dos riscos existentes, traduzindo em ações que devem ser executadas por todos os colaboradores da instituição, desde a direção até o corpo operacional, com o objetivo de evitar acidentes e danos de naturezas diversas.

Essa política deve estar centrada no paciente, uma vez que este corre maior risco em virtude da sua frágil condição física, psicológica e intelectual. Dados do Institute for Healthcare Improvement revelam que 44 a 98 mil mortes são decorrentes de erros assistenciais e 1 milhão de casos de danos ocorrem nos EUA a cada ano, gerando um custo anual, desses eventos, em torno de U$ 17 a 29 bilhões de dólares.

Porém, vale lembrar que na maioria das vezes, esses erros atribuídos aos profissionais de saúde, são na verdade falhas dentro dos processos de trabalho que poderiam ter sido evitadas, se previstas. Esses números exorbitantes reforçam a necessidade de adoção de medidas de segurança, focalizando a melhoria da qualidade assistencial e a redução de custos provenientes de erros evitáveis.

Sendo assim, uma política institucional vem de encontro com essa necessidade. A instituição disposta a evitar acidentes, cria uma política de segurança consistente e de caráter educativo, não punitivo. O ganho começa no momento do envolvimento das equipes assistenciais para elaborar a política, tanto na identificação dos riscos como no planejamento das ações preventivas e corretivas.

A política deve conter basicamente: as definições básicas de segurança em saúde (riscos, erros, danos, eventos adversos, eventos sentinelas, dentre outras), a identificação dos riscos que serão gerenciados, as estratégias institucionais para poder preveni-los, encaminhá-los e corrigi-los, na maior parte das vezes, com o redesenho dos processos, atrelados a uma estratégia gerencial de melhoria contínua.

Por exemplo, para o risco “queda do paciente”. O que deve ser feito? É possível proibir que os pacientes se locomovam ou garantir que todos os pacientes tenham acompanhantes em tempo integral para evitar que caiam? Certamente essa resposta é “Não”. Sendo assim, as quedas são previsíveis e por isso são passíveis de prevenção e estratégias devem ser criadas para tal.

Nesse caso o ideal seria desenvolver um protocolo para a “Prevenção de Quedas” compatível com a realidade da instituição e que compreendesse ações de todos os atores que possam estar em contato direto com o paciente com risco de queda, desde a sua entrada na instituição. Esses atores podem ser: seguranças, recepcionistas, equipe de enfermagem, médicos, dentre outros profissionais.

Para que esse protocolo seja efetivo, o seu desdobramento para todos esses profissionais é essencial, os mesmos devem ser educados dentro da “Política de Segurança”, e ser capacitados de acordo com as premissas desse protocolo, respeitando as suas limitações profissionais, para que estejam preparados quando se depararem com uma situação de risco.

É importante ressaltar também que, os dispositivos de alerta são grandes aliados dos profissionais de saúde nas questões referentes à segurança. Um dispositivo de alerta muito utilizado hoje nas organizações que adotam a segurança como estratégia de qualidade assistencial, são as pulseiras de identificação de risco utilizadas nos pacientes, e que muitas vezes recebem um destaque também pela cor, por exemplo: pulseira vermelha para o risco de queda e amarela para o risco de flebite, etc.

Assim, a política de segurança passa a fazer parte da cultura organizacional e simples estratégias, como a exemplificada, podem garantir a segurança dos pacientes com a prevenção de eventos, a segurança dos colaboradores no desenvolvimento de suas ações e a segurança da instituição contra processos judiciais por danos aos pacientes, e consequentemente redução dos seus custos, além de assegurar a sua credibilidade no mercado da saúde.

Enfermeira, graduada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), pós-graduada em Terapia Intensiva pela PUC-Campinas, pós-graduada em Gestão Hospitalar pela Unicamp e MBA de Executivo em Saúde pela FGV. Atualmente é docente do Centro Universitário Paulista (UNICEP) e mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSCAR na linha de pesquisa Trabalho e Gestão em Saúde e Enfermagem. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gerenciamento e Informática em Enfermagem da UFSCAR. Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente (REBRAENSP). Membro do Pólo de Enfermagem e Segurança do Paciente de São Carlos. Membro efetivo da Comissão de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSCAR. Trabalhou diretamente em instituições hospitalares com gestão da qualidade, do corpo assistencial e enfermagem, tornando-se consultora nessas áreas de atuação e em gestão por processos em saúde.

3 comentários em: “Segurança como Política nas Organizações de Saúde.

  1. Valéria, parabéns pelos textos, ficaram ótimos, informativos e úteis. Vou acompanhar sempre as novidades por aqui!! Abraços.

  2. Valéria ótimo texto… realmente é muito importante que as instituições possuam uma política de segurança, essas simples estratégias que garante não só a segurança dos pacientes mas a segurança dos profissionais de saúde e a segurança da instituição contra processos judiciais. Com certezas se todas as instituições tivessem estratégias o indice de qualidade do atendimento seria melhor. Parabens!

    1. Olá Gabriela, que bom que gostou do texto e que se interessa pelo assunto. Realmente a qualidade na assistência a saúde hoje está diretamente relacionada com os aspectos relativos à segurança do paciente, portanto as estratégias e atitudes seguras se fazem necessárias em qualquer instituição. Mensalmente estarei publicando sobre essa temática e conto com a sua participação. Fique à vontade para fazer sugestões e tirar dúvidas. Abraço.

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