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Profissional de Saúde, você se Veste Corretamente?

Você já se perguntou alguma vez, como os seus clientes gostam de vê-lo vestido? Alguns médicos e profissionais de saúde, dirão que com vestimenta social e avental branco, os enfermeiros dirão que o hospital tem seu próprio uniforme, e inclusive haverá quem diga que isso realmente não importa desde que o profissional seja competente.

Historicamente na medicina, o branco é utilizado desde a antiga Grécia, onde os sacerdotes do templo de Asclépio (Deus grego da Medicina) já se vestiam com roupas dessa cor para indicar pureza espiritual.

O avental branco funciona como um símbolo de respeito, status e está associado à limpeza e à higiene. No passado, os cirurgiões usavam aventais que quanto mais sujos com sangue, maior era o prestigio entre os colegas.

Hoje, a Organização Mundial de Saúde classifica o avental ou jaleco como Equipamento de Proteção Individual (EPI) e recomenda o seu uso para proteger o profissional contra incidentes e reduzir a chance de transmissão de bactérias.

Existe controversa quando o assunto é a vestimenta ideal do profissional de saúde, sobre tudo quando ele se desloca para vários locais de trabalho ou desempenha várias funções. Porém, o que precisa ficar claro, é que os clientes sim se preocupam com a aparência e a limpeza de quem os está atendendo, mesmo que na maioria das vezes, não digam nada.

Podemos analisar o tradicional traje social, camisa, gravata e avental branco. Se você falou, gravata!? É porque com certeza já leu artigos publicados no Reino Unido que mostram que a gravata é um importante colonizador e transmissor de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Com base em vários estudos do mesmo tipo, em 2009, o Reino Unido proibiu o uso desse acessório nos hospitais e começou uma campanha para mudar a tradicional vestimenta médica, tirando também os aventais compridos, camisas manga longa e outros acessórios que contribuem com a propagação de infeções hospitalares.

Em outra pesquisa publicada em setembro de 2013, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mostrou-se a presença maciça de bactérias em jalecos médicos. Os resultados foram alarmantes: 95,8% estavam contaminados e entre as bactérias encontradas, também havia Staphylococcus aureus, principal responsável pelas infecções hospitalares. O estudo também mostrou que 90% dos estetoscópios estavam contaminados.

As evidencias existem, isso não podemos negar, porém, por que esses acessórios do vestir tradicional dos profissionais de saúde se tornaram vilões? A resposta está, certamente, na displicência que esses profissionais têm com a higiene de sua indumentária de trabalho.

Por acaso, você usa a mesma roupa íntima todos os dias? Então, por que usa o mesmo jaleco todos os dias ou o que é pior, por que usa o mesmo jaleco o dia inteiro em todos os hospitais em que trabalha e até no seu consultório particular? Da mesma forma, você lava seu uniforme, troca de calça, lava suas gravatas e limpa seus sapatos todos os dias? E quantas vezes ao dia desinfeta seu estetoscópio e outros aparelhos?

O problema evidentemente não está no que usamos, mas em como usamos a indumentária médica. Se o objetivo é impedir que os jalecos e outros objetos sirvam de fonte e veículo de transmissão de micro-organismos, deveríamos ter mais responsabilidade em cuidar melhor de nossa higiene com as roupas e acessórios que usamos dentro do ambiente hospitalar e o que levamos para fora dele, inclusive aos nossos lares.

Os padrões do visual do profissional de saúde estão estabelecidos fortemente na sociedade. Os clientes gostam de ser atendidos por alguém que se veste de acordo com sua profissão, porque isso denota respeito e transmite segurança, de extrema importância na relação profissional-paciente. Uma pesquisa realizada pelo Royal Free Hospital em 2004, em Londres, mostrou que a maioria dos pacientes prefere que os médicos utilizem jalecos.

Por tanto, as políticas e campanhas dos órgãos fiscalizadores de saúde não deveriam ser dirigidas necessariamente à proibição de usar tal ou qual vestimenta ou acessório no hospital ou fora dele, e sim à conscientização de hábitos de higiene pessoal do profissional de saúde, tendo como fiscalizadores os próprios clientes, melhorando assim a construção de confiança e segurança do paciente, e dos seus próprios familiares.

Médico especialista em Administração Hospitalar e Marketing em Saúde. Autor do composto "10 P's do Marketing em Saúde". Professor do curso online Marketing Estratégico para Clínicas e Empresas de Saúde. CEO da HMDoctors, Assessor da Stratas Partners (Suíça) para o acesso ao mercado hospitalar brasileiro, Consultor de Gestão de Carreira e Marketing Médico, e Revisor de artigos e publicações sobre Gestão, Empreendedorismo e Marketing em Saúde para a revista eletrônica Gestão e Saúde da Universidade de Brasília - UNB. Formado em medicina com pós graduação em epidemiologia, formado em administração hospitalar e MBA em organizações hospitalares e sistemas de saúde pela FGV. 16 anos de experiência em hospitais públicos, privados, institutos de pesquisa clínica e consultor para empresas nacionais e multinacionais.

9 comentários em: “Profissional de Saúde, você se Veste Corretamente?

  1. Boa tarde, bom dia; boa noite o assunto é sério acá no meu pais passear com uniforme Hospitalar para os médicos é estilo. Penas que eles ainda não têm essa consciência.

  2. Boa tarde, trabalho em uma clínica particular e vou com minha roupa normal de casa para clínica, mas o contador da clinica quer que cheguemos prontas de branco e voltarmos de branco. Eu sei que é errado pq manipulamos sangue na coleta fazemos PCCU e não podemos ir com essa roupa pela rua e muito menos para casa.

    1. Boa noite, gostaria de compartilhar minha preocupação ao ver muitas enfermeiras e médicas indo para o trabalho vestida com seu uniforme e até mesmo jaleco!
      Ex: Quando estou no trabalho manuseando alimentos para servir aos cliente, me preocupo com todos os detalhes, então deixo para me arrumar lá, pq minha roupa vai estar limpa. Eu acho que todo profissional tem que ter mais cuidado com a higiene e se organizar com seus horários para chegar mais cedo e se trocar!

  3. Bom dia! Trabalho no hospital de referencia de Goiânia. Eu sou da higienização, meus e carregados me colocam em diversas áreas, tais como UTIs, morgue, lavar pedras, ou seja em todas, e dizem que o capote descartável não deixa pegar bactérias mais ele só vai ate a altura do joelho, e o uniforme eu levo comigo para casa todos os dias, isso e correto? Pois eu acho que não deveria trazer as roupas que se usa lá.

  4. “Hoje, a Organização Mundial de Saúde classifica o avental ou jaleco como Equipamento de Proteção Individual (EPI) […]” É errôneo afirmar isso, visto que a nossa Legislação não determina o jaleco como EPI, É apenas EPI quando tem CA (Certificado de Aprovação), assim o jaleco não passa por testes na sua confecção. É dito isso na NR (Norma Regulamentadora) – 06 que dispõe sobre os EPI’s.

  5. O que vemos é que muito profissionais da área da saúde não se preocupam com sua vestimenta, carregam seu jalecos pendurados em bolsas dentro de ônibus, vão ao supermercado com o avental, etc. e chegam nas instituições par atender os pacientes, fazer curativos com esta vestimenta. Sabemos que nos ônibus e no ambiente externo há muitas bactérias, que para nós que estamos com saúde perfeita não acarretará problemas, mas para um paciente que está debilitado, qualquer bactéria pode levar a algo muito sério, eu acredito que para evitar isso, as instituições de saúde teriam que pegar esta responsabilidade para si fazendo igual às roupas do Centro Cirúrgico, o médico, circulante, instrumentador, etc. ao entrar no C.C tira sua roupa e coloca uma higienizada conforme normas… claro que com a equipe de enfermagem e médicos que não entram no C.C seria só o jaleco. Isto certamente teria um custo para as Instituições, porém, acredito que seria uma forma de evitar a contaminação pela roupa. Agora já os instrumentais e materiais, a responsabilidade é da CCIH de verificar a higienização e até mesmo o acondicionamento de certos materiais, condições da embalagem, esterilização, etc.

  6. Não só deve-se lavar todos os dias, como tirá-lo ao sair do ambiente de trabalho…Uma pena que TODA a área de saúde acha esse tipo de vestimenta mais importante, no sentido de STATUS, que o próprio paciente, familiar e ele mesmo.

  7. O vestuário dos profissionais de saúde (geral): médicos, enfermeiros (as), técnicos (as) continua sendo uma problemática dentro das instituições de serviços de saúde; muitas vezes totalmente fora de linha, padrão.
    É muito complicado organizar, instituir uniformes e fazer com que todos sigam essas normas. No geral, acredito que as instituições de saúde devem amarrar em seus contratos de trabalho esse requisito, informar que o uniforme faz parte do atendimento aos clientes e proteção pessoal do profissional, e convenhamos, profissionais bem vestidos e assíduos é marketing da empresa.
    Porém, temos uma triste realidade em relação a esse assunto, desde cores variadas, sapatos abertos, falta de higiene e limpeza……enfim sei muito bem dessa realidade.

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