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Estamos preparados para nos cuidar na Terceira Idade?

Há meio século a expectativa de vida de um brasileiro nos grandes centros urbanos mal chegava aos 60 anos, e daqueles que viviam em áreas críticas era menos ainda.

De vinte anos para cá, o número de idosos dobrou no país, graças à melhora da qualidade de vida proporcionada principalmente pelo avanço da medicina, bem como maior acesso à saúde impulsionado pelo crescimento da renda, escolaridade e pela melhora do IDH brasileiro nas últimas décadas.

Ainda há muito que fazer, sobretudo na saúde pública, isso já sabemos, porém, o fato é que dentro de vinte a trinta anos, a população de idosos atingirá um nível nunca visto antes em nosso país.

Com isso, nossos centros de saúde estão preparados para essa população? Ou melhor, para nós que chegaremos lá?

A qualidade de vida na terceira idade dependerá de infra estrutura adequada e de profissionais especializados, sobretudo geriatras, cuidadores, fisioterapeutas, psicólogos, enfim toda uma equipe multiprofissional.

Nossos hospitais e centros de medicina diagnóstica também precisam se preparar para esse público que muito fez pelo nosso país. Certa vez estive presente em uma instituição de diagnósticos voltada para idosos e percebi que a única rampa encontrava-se do lado de fora da mesma, dentro de suas dependências não observei elevadores, nem outras rampas, apenas escadas.

Fora a estrutura física que por sinal deve ser totalmente voltada a “geração terceira idade”, precisamos de hospitais que incluam em sua cultura de humanização atividades voltadas para os pacientes não acamados como, por exemplo, oficinas de artesanato, jogos que estimulam a memória e a concentração, salas de leitura e notebooks disponíveis nos leitos, afinal eles, e futuramente nós, estaremos cada vez mais conectados com o mundo. Todas são atividades que contribuem para a aceleração do processo de recuperação dos internados.

No que se refere ao cuidado propriamente dito, é importante a conscientização dos jovens que atuarão na área médica e de enfermagem neste crescente mercado de trabalho a demanda está cada vez maior no que se refere ao cuidado do idoso. Muito em breve, um geriatra terá tanta importância aos olhos da sociedade como tem um pediatra, o mesmo vale para os profissionais de enfermagem que ganharão destaque no mercado especializando-se em cuidados voltados aos idosos.

A criação de hospitais exclusivamente geriátricos será de extrema importância, tanto no setor privado quanto no público, além de tudo, o idoso torna-se cada vez mais exigente devido principalmente ao seu nível de escolaridade e renda mais elevados que a de seus pais.

O sonho da humanidade é a longevidade somada a qualidade de vida e para isso é necessário preparar-se desde já. Em primeiro lugar, as instituições privadas e os governantes que são os responsáveis pelas instituições públicas de saúde precisam divulgar cada vez mais a cultura da medicina preventiva, obviamente dando condições para quem não dispõe de convênio médico.

Feito isso, ao longo de alguns anos a população acima de 60 anos terá condições de ter uma qualidade de vida nunca antes proporcionada no Brasil.

É lógico que não podemos pensar somente em saúde na vida de um idoso, uma vez que há outros mercados que ganharão muito com esse público, o setor de turismo, por exemplo, é um deles, mas sem a saúde em dia ficaria praticamente impossível usufruir das coisas boas da vida.

Todos nós esperamos entrar para esta turma e se não é possível a eterna juventude física, é possível a juventude mental, afastando a depressão que afeta muitos idosos, para isso é preciso trabalhar desde já, assim ao entrarmos na geração da “melhor idade”, encontraremos pessoas e estruturas preparadas para nos receber com carinho e dedicação, afinal os pijamas e as agulhas de tricô já estão sendo aposentados.

Vem aí a nova geração de vovôs e vovós que com toda sabedoria exigirão seus direitos que lhes cabem depois de uma vida inteira dedicada a família e ao trabalho.

Profissional de Comunicação e Marketing pela Universidade São Judas Tadeu, atuando na área da saúde desde 1999. Atualmente trabalha no HCOR - Hospital do Coração - SP, tendo passado por renomadas entidades como: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Hospital Israelita Albert Einstein e Fleury Medicina Diagnóstica. Colunista na Revista Visão Hospitalar e palestrante. Dedica-se ao estudo do marketing e comunicação em instituições de Saúde.

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