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Como Gerenciar a Entrada dos Recém-Formados nas Instituições de Saúde?

A cada semestre uma massa de profissionais de saúde é lançada no mercado de trabalho, ou pelo menos, um grande número de formandos adquire o diploma de graduação nas mais diversas profissões da área da saúde e com esse documento na mão, vão à procura do tão sonhado primeiro emprego.

Só que, vemos no mercado que grande parte das instituições de saúde procura profissionais já treinados, ou seja, profissionais qualificados e com experiência profissional. Outras inclusive exigem uma pós-graduação específica e até mesmo fluência em idiomas, dependendo da função que o profissional irá desempenhar.

Não que estas estejam erradas, afinal, buscar pessoas qualificadas e com experiência ajuda muito para que as funções e tarefas sejam entendidas rapidamente, e o profissional se adapte mais facilmente no ambiente de trabalho.

Entretanto, como fica a situação daqueles profissionais que estão se formando? Um contexto muito falado por esses profissionais é: Todas as empresas de saúde exigem experiência profissional, porém, como vou adquiri-la, se nenhuma destas me oferece a primeira oportunidade? Por outro lado, as empresas contratantes afirmam: vagas existem, porém não encontramos pessoal qualificado para as respectivas vagas.

Esta é a dura realidade que os profissionais recém-formados enfrentam no mercado de trabalho. São altos investimentos durante a graduação, e o sonho de colocar em prática aquilo para o qual foi preparado, se perde diante da frustração de não conseguir uma vaga. Dilema que infelizmente não depende só deles, e sim da chamada primeira oportunidade de trabalho. Dessa forma, vemos que ser graduado, pós-graduado e ter cursos de idiomas, não são mais uma garantia de emprego.

É uma questão cultural? É falta de iniciativa privada? Será que investir na adaptação, qualificação, e treinamento desses profissionais recém-formados gera um custo que não vale a pena? O governo poderia intervir nessa questão? E as faculdades e universidades? Poderiam também participar do ingresso destes profissionais no mercado de trabalho? Ou realmente se tem chegado a um excesso de profissionais no mercado?

O especialista em Gestão e Marketing em Saúde, Dr. Edgar Luna afirma “é uma doença crônica que os hospitais não querem tratar, o profissional não deve ser buscado simplesmente pelo que diz o currículo, primeiro é necessário uma avaliação de atitude, achar os profissionais que se identifiquem com a instituição, para depois capacitá-los e treiná-los, e a instituição precisa enxergar esse treinamento como investimento”. O enfermeiro Well Cunha relata “estou sentindo isso na pele, é muito triste essa realidade”. Já o enfermeiro Lázaro Clarindo opina que “o governo poderia intervir de alguma forma e citou o exemplo de diminuir os impostos das instituições que dessem oportunidades para os recém-formados”.

As citações e opiniões acima são muito pertinentes, as instituições de saúde, as faculdades e universidades, bem como o governo, deveriam criar programas trainee, como o que acontece nas grandes multinacionais, uma vez que assistência em saúde requer preparo, portanto é preciso investimento e treinamento destes profissionais recém-admitidos, para qualificá-los aos nossos serviços de saúde.

Programas trainee, bem como as residências multiprofissionais nas instituições de saúde existem, porém quando se comparado a quantidade de profissionais que estão chegando ao mercado de trabalho, o número de vagas ainda é muito reduzido. Observa-se ainda que estas vagas estão centralizadas nas grandes metrópoles e cidades capitais, ficando dessa forma os profissionais de cidades menores com uma certa dificuldade de se ingressar nessas vagas.

Nos programas de trainee, estes profissionais terão a oportunidade de mostrarem o seu trabalho, seu conhecimento, sua postura ética e mercadológica. Será também o momento destes driblarem sua ansiedade e insegurança, mostrando aos contratantes que são capazes.

Capazes de empreender, de superar obstáculos, de traçar metas e alcançá-las. Bem como o momento de adquirirem novas competências e habilidades. Aliando a primeira oportunidade ao seu sucesso profissional, contribuindo dessa forma para o crescimento e desenvolvimento da instituição contratante.

Concluindo, percebe-se que há um verdadeiro desequilíbrio entre as instituições de ensino e os empregadores, ficando nas mãos dos gestores em saúde a oportunidade de repensarem sobre o assunto, estudarem novas formas de gerenciamento do ingresso dos profissionais recém-formados nas instituições de saúde.

Enfermeiro. Especialista em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar. Experiência como Enfermeiro Assistencial e Supervisor de Serviço de Atenção Domiciliar, como Professor de Curso Técnico em Enfermagem, como Assessor e Representante Técnico Comercial de Produtos Médicos Hospitalares. Palestrante e Facilitador de Workshop de Feridas e Primeiros Socorros.

17 comentários em: “Como Gerenciar a Entrada dos Recém-Formados nas Instituições de Saúde?

  1. Após 6 anos de busca pela primeira oportunidade enfim, consegui minha tão sonhada vaga como enfermeira!! Porém, por ter entrado sem experiência sofro grande pressão de alguns colegas que já trabalham na área, e demonstram não ter nenhum tipo de preparo para receber pessoas sem experiência. Ocorre que tudo que se faz é criticado, alguns não demonstram interesse em ajudar e a ensinar mesmo. Acredito que precisamos da oportunidade de aprender na prática como um dia esses mesmo já tiveram. Estou feliz sim, mas triste em parte por nossa profissão ter esse tipo de pessoas com tal postura, mas vou firme na luta e nos meus objetivos.

  2. O ideal é começar no período da faculdade, desdobrar ao máximo no início. Fazer um trabalho voluntário, estágio e faculdade. Procurar desde sempre oportunidades fora do estado e país.

  3. Compreendo que o profissional que já possui experiência profissional, carrega uma bagagem consigo, entretanto se o mercado exige isso, como poderemos obter o primeiro emprego? apesar das redes sociais serem veículos para propagação de currículos e obtenção de empregos, ainda sinto os efeitos desta, que de certa forma é uma exclusão mercadológica.

  4. É uma dificuldade grande mesmo, sou pós graduada, formada a alguns anos e acabo esbarrando nesta mesma questão, a falta de oportunidade por ñ ter experiência.

  5. É difícil em qualquer carreira que escolha. Mas,fique atento, pois, neste mesmo grupo já vi o hospital da rede D¬OR (São Luis) que pedia mesmo sem experiência. Não resta dúvida que é mais raro, mas, aparece. Faça alguns trabalhos voluntários, pelo menos eles podem servir de currículo, experiência. Uma boa coisa é se especializar em alguma área que seja ligado a sua formação, mas, que o mercado esteja procurando profissionais capacitados. Não pode perder a esperança!!

  6. Gostei muito do texto. O problema da falta de experiência e da falta de oportunidade é a impressão de que ”paramos no tempo”‘.
    Sou contra o voluntariado como forma de adquirir experiência, pois se há vaga para o voluntariado, por qual motivo não há vagas para contratar? É mais uma forma de exploração! Todo mundo que tem 5, 10, 15 anos de experiência teve seu começo, mas parece que todo mundo quer esquecer disso.

    Muitas empresas preferem contratar profissionais com outros vínculos do que um profissional sem experiência, como se isso fosse sinal de incompetência…

  7. Excelente todos os comentários anteriores.
    Cada um com uma vivência e opinião diferente.
    Porém com a essência de profissionais que vivem e entendem a situação.

  8. Na verdade é tudo muito complicado,existe a demanda e a necessidade de profissionais qualificados e bem preparados.
    Porém, como se qualificar especializar sem que se tenha uma oportunidade de vivenciar enquanto profissional o dia a dia das empresas de saúde? Se não são dadas oportunidade de primeiro emprego para que os profissionais possam identificam as carências dos serviços e buscarem esse aprimoramento tão necessário e requerido pelas empresas, considerando a complexidade dos serviços de saúde.
    Na minha opinião o melhor caminho é o treinamento e acompanhamento contínuo por um profissional experiente pelo menos por 90 dias, mas infelizmente essa não é a nossa realidade, as pessoas na grande maioria das vezes são contratadas ou selecionadas e escaladas em setores por no máximo uma semana e depois passam a assumir sozinhas os diferentes setores das instituições de saúde, isso devido à deficiência de recursos humanos. Gostei da ideia de benefícios fiscais para empresas que contratem pessoas para o primeiro emprego.

  9. É pior quando você é recém formado e tem mais de 40 anos, parece que você não tem direito de estudar após os 30 anos, e essa tal experiência de 6 meses, quando você esta em uma empresa a 6 meses dificilmente você vai querer sair, já que e tão difícil conseguir uma colocação quando não tem experiência.

  10. Me formei em julho de 2012 e até hoje estou à procura do meu primeiro emprego como enfermeira. Envio dezenas de currículos todos os dias e nada, nem uma entrevista. Tenho andado deprimida, estou sem condições financeiras para cursar uma pós graduação e precisando urgentemente trabalhar para ajudar nas despesas de casa. Às vezes eu penso se o investimento que fiz na faculdade valeu a pena, se não teria sido melhor ter aberto meu próprio negócio, porque a impressão que tenho que na Enfermagem está mais complicado do que para as demais profissões.

  11. Sou enfermeira recém-formada, e sei bem o que isso, é frustrante não ter a oportunidade por não ter experiência, acredito que o governo poderia auxiliar, criando progamas para a inclusão desses profissionais, e os hospitais investindo em programas de trainee.

  12. É um circulo vicioso, infelizmente percebemos que os dois lados tem suas ressalvas, seus argumentos e todos tem razão e não tem. Mas está na hora de alguem lançar idéias novas para absorvermos este problema que cresce a cada semestre. A prática neste setor é fundamental, como organizar um primeiro emprego supervisionado com expectativas de ingresso futuro? Apesar do grande número de profissionais se formando, temos ainda uma falta enorme de RH em algumas áreas, parece incoerente, alguns referem ser por falta de pessoal capacitado para o cargo, mas como achar gente capacitada se não tem como capacitar na prática por falta de investimento? o circulo se inicia, ou termina…. Enfim, tenho certeza que o Brasil é dotado de personagens bem criativos, poderiam tentar usar a criatividade para ações necessárias como esta. Boa sorte aos gestores!!

  13. Sua colocação Marcelo Bastos foi excelente, realmente a avaliação mercadológica e o amor ao que se vai fazer faz o diferencial na escolha da profissão, bem como uma dedicação aprofundada durante a realização dos estágios.

  14. Muito pertinente as observações de Amarildo em seu post, mas gostaria de apontar que em meu entendimento deve haver uma modificação de postura por parte dos recém-formados.Na realidade esta modificação deve partir primeiro por uma análise mercadológica quando ainda estudante, ou seja, análise do curso e sua demanda; segundo dedicação e amor ao que se propôs.Um excelente aproveitamento nos estágios irá lhes garantir referências. Um bom gestor vai enxergar seu currículo diante do brilho nos olhos.

  15. Márcia… O QI do quem indica não deixa de ser uma realidade, porque ele é fato. O que não podemos deixar acontecer é esses acontecimentos nos abater, devemos sim, continuar a luta, buscando oportunidades e nos prepararmos, para caso surja estamos prontos para assumi-las. Portanto o QI do quem indica precisa urgentemente ser revisto pelos grandes Gestores da área da saúde.

  16. Muito interessante!!!, Realmente a cada semestre um número cada vez maior de profissionais está sendo lançado pelas faculdades e universidades, a espera de uma oportunidade para se adquirir experiência, mas esta muitas vezes só ocorre quando se tem alguém que o indique. Como fica aqueles que não tem indicação? Quando passarão a ter experiência?

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