A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) pode ser entendida como o bem-estar relacionado ao trabalho da pessoa, onde sua experiência se torna compensadora, satisfatória e despojada de estresse laboral e outras consequências negativas. Esse conceito vem aos poucos fazendo parte dos programas laborais de grandes corporações em outras áreas, porém, em muitos hospitais ainda parece ser um mito.
O ambiente hospitalar é sem dúvida um lugar ideal para criar fatores de estresse com os profissionais da área da saúde, devido às responsabilidades da própria função. Porém, o que acontece quando além dessas obrigações, o estresse laboral é criado pela própria organização hospitalar?
Segundo o estudo publicado em novembro de 2011, no Health Services Management Research, o estresse laboral afeta de forma significativa a qualidade dos serviços prestados por partes dos profissionais em saúde, e pode ser responsável por algumas reações negativas como: hostilidade, agressividade, maus tratos e também aumentar as taxas de absenteísmo e rotatividade, bem como reduzir a produtividade do funcionário.
Dentre as principais causas de estresse relacionadas ao trabalho foram mencionadas: a faixa salarial inadequada, a desigualdade no trabalho, a sobrecarga de trabalho, a equipe de trabalho enxuta, a falta de perspectivas de reconhecimento e promoção, a pressão do tempo para realizar as tarefas, a incerteza de estabilidade no emprego e a falta de apoio por parte das chefias. Do total dos profissionais assistenciais, 26% classificou seu nível de estresse laboral como alto.
Em outra pesquisa publicada em setembro do mesmo ano, na Revista Latino Americana de Enfermagem, se constatou que o maior risco para sofrer estresse laboral e também para adoecer, se associa ao maior tempo de casa no mesmo cargo e aos cargos mais baixos sem expectativa de crescimento. Ainda segundo a pesquisa, 35,6% do total de entrevistados, tinha algum grau de perda de habilidades e de interesse relacionado a seu trabalho.
Considerando que o estresse laboral está diretamente ligado à QVT, todos esses fatores descritos acima deveriam ser melhor gerenciados. Para isso é necessário um verdadeiro modelo de gestão de pessoas, com a participação de todos os departamentos e apoiados pela alta diretoria, visando buscar estratégias de intervenção, e implementando programas para a prevenção do estresse laboral, dando como resultado, a melhoria na Qualidade de Vida no Trabalho Hospitalar.
“Companhias gastam milhões de dólares por ano na manutenção preventiva de suas máquinas, não vemos razão para não fazermos o mesmo com nossos funcionários“ – Peter Thigpen.
Se considerarmos que o trabalho em um ambiente hospitalar oscila entre a vida a doença e a morte de pessoas, já teremos uma ideia do que trabalhar neste ambiente. O estresse é constante sem trégua, já que estar vivo já é um risco substancial. Cuidar da saúde de alguém é cuidar de seu bem mais precioso e quando não se tem as condições adequadas para fazê-lo o estresse se multiplica as vezes a um patamar insuportável.
Prezado Edson,
Verdade, é preciso contar com o apoio da família, no ambiente de trabalho é necessário uma entrega enorme para alcançar os resultados mas é bom ficar atento a fatores externos que fazem um enorme diferença nesse momento.
Muito bom o artigo.
Abraços!
As consequências que podem advir de lidar inadequadamente com o stress podem-se repercutir a nível físico, psicológico e comportamental e causar custos tanto ao indivíduo como às organizações e sociedade em geral.
Com certeza, muito se investe em tecnologias de ponta, porém, o capital humano não tem nenhum investimento pelos administradores hospitalares. O setor de recursos humanos vislumbra manter a organização dentro dos melhores patamares sem perspectiva de fortalecimento e compartilhamento com a chefia da enfermagem para o crescimento global da equipe da enfermagem e fidelidade dos colaboradores na instituição. É de competência do gerenciamento da enfermagem o diagnóstico situacional para apontamento das melhorias da equipe, devendo o RH subsidiar e apoiar decisões que visem o aprimoramento e desenvolvimento profissional e a qualidade de vida do trabalhador no ambiente de trabalho, ao invés de manter ou melhor não ter plano de contingência e desenvolvimento da equipe na instituição. O RH deveria trabalhar em parceria com as gerencias de enfermagem e não remar contra.