Blog

Hebe Camargo: 10 lições de Vida e de Carreira.

Uma perda muito grande para o Brasil foi o falecimento da “Rainha da Televisão Brasileira”, Hebe Camargo (1929-2012), no 29 de setembro de 2012, como consequência de uma parada cardíaca. Hebe lutava contra um câncer no peritônio, diagnosticado em janeiro de 2010.

Sua trajetória profissional como cantora, artista e apresentadora, conseguindo manter-se por mais de 60 anos no mercado de trabalho, como uma profissional respeitada, admirada e querida pelo seu público, colegas e amigos, nos deixa grandes lições de vida e de carreira, que a seguir resumimos em dez:

1. Entregar-se ao público.

Que Hebe era uma das celebridades mais adoradas pelo público e pelo meio artístico, ninguém tem dúvida. Ela tinha uma linguagem fácil, sincera, direta e ao mesmo tempo doce, alegre e amava ter o contato com seu público, a quem sempre tratou com carinho e respeito. Tanta foi essa dedicação, que inclusive no último adeus, a própria família aceitou abrir o velório e o enterro para esse público que sempre a acompanhou, para que ela sentisse desde o Céu, o carinho, de quem fez a Hebe uma estrela na terra.

“A minha vida é só de agradecimento. Se aqui estou ainda é porque vocês me trouxeram”. “Gente, eu não sabia que era tão querida”.

2. Ser autêntico.

Hebe é um ídolo e exemplo para a maioria dos artistas, hoje consagrados, da televisão brasileira, por uma simples razão, ela ensinou a todos eles que na espontaneidade, que em falar o que a pessoa sente, e em ser você mesmo na frente das câmeras, está o relacionamento, o contato e a cumplicidade com a plateia.

“Não tem truque nenhum, sou eu mesma, no palco, nas apresentações, os convidados são meus amigos e a plateia minha razão de ser eu”.

3. Estar sempre de bom humor.

Carismática, alegre, brincalhona, alto astral ou como ela mesma dizia “uma gracinha”, Hebe sempre passava mensagens positivas com um sorriso no rosto e a sua gargalhada contagiante. O primeiro sintoma que a Hebe teve antes de descobrir que tinha câncer foi sensação de inchaço no estômago, mesmo depois do diagnóstico, ela falava: eu sabia que não tinha feito nada para ficar grávida.

“Não fique triste, tristeza atrai tristeza, alegria atrai alegria”.

4. Amar o que faz.

Ela sempre deixou clara sua paixão pela profissão, isso era enxergado por todos que a vimos em cima dos palcos. Devido aos obstáculos que passou para construir sua sólida carreira, Hebe chegou a abrir mão de seu primeiro casamento por conta da necessidade de estar com seu público. Pelo mesmo amor que ela sentia para com seu trabalho, não aceitava falta de recursos ou condições desfavoráveis com sua equipe e companheiros. Em 1985, no meio de uma transmissão ao vivo de seu programa, Hebe jogou o microfone no chão, e queixou-se da emissora em que trabalhava nessa época. Ela exigiu melhor tratamento por parte do canal e mais recursos, como novos cenários, mais pessoas na produção e músicos na orquestra.

“A gente se diverte e o Silvio ainda paga para estarmos aqui. Só não sei até quando”.

5. Ser ousado.

Ela era ousada, corajosa e valente para fazer coisas que poucas pessoas se atreveriam. Mesmo sem ter estudos, ela se fez na escola da vida e numa época em que a mulher fora de casa era mal vista, ela fez sua estreia na TV em 1955 com o programa “O Mundo das Mulheres”, primeiro programa feminino da televisão, um desafio que aceitou com prazer. Outro destaque da sua ousadia foi fazer o que nenhuma outra mulher poderia ter feito sem ser vista como vulgar, o famoso “selinho” que dava nos entrevistados, seja homem ou mulher, e que se tornou uma das marcas registradas da Hebe.

“Não tive faculdade. Não tive o direito de estudar. Isso é uma coisa que considero triste na minha vida”.

6. Reinventar-se sempre.

Quando alguém perguntava para ela: Quantos anos de televisão Hebe? Ela respondia perguntando: Quantos anos têm a televisão? Quando a TV chegou ao Brasil, ela participou da primeira transmissão de programas ao vivo. Ficar durante mais de 60 anos no mercado de trabalho, e ainda aos 83 anos de idade receber propostas para voltar aos cenários da TV, definitivamente falam de uma mulher que permaneceu atual, viva e atraente para seu público.

“Vou trabalhar com gente jovem, com ideias novas. Mas de uma coisa não abro mão: do meu sofá. Fazer programa de pé é duro”.

7. Ter visão empreendedora.

Hebe descobriu logo cedo que ficar se lamentando da vida não a levaria a lugar nenhum. Como a sua família não tinha muito dinheiro, ela, ainda adolescente, precisou trabalhar como empregada doméstica na casa de uma tia rica. A cada folga, corria para cantar nas rádios da cidade, onde ganhava um trocado. Ela iniciou sua carreira como cantora, foi atriz e também pioneira nos programas de entrevistas. Como toda empresa ou organização que nasce para perdurar no mercado, Hebe Camargo conseguiu, desde o começo da sua trajetória, criar sua própria marca, sua identidade visual, era movida por uma missão, visão e valores de vida, que respeitou até o último dia.

“Temos que andar para frente, pensar sempre positivo, aproveitar as coisas boas da vida e sorrir sempre”.

8. Brilhar onde estiver.

Hebe era uma estrela na terra, brilhante por si mesma como pessoa, mas destaques como o cabelo bem arrumado, maquiagem perfeita, vestidos justos, sexys e elegantes ao mesmo tempo, e joias grandes e vistosas, criaram um estilo próprio de se identificar, de ser única e admirada por todos.

“Eu tenho joias não pelo prazer de ter, mas pelo prazer de usar”.

9. Ter humildade.

Hebe Camargo conseguiu através da sua simplicidade, o que poucos artistas conseguem na vida, ser catalogada como uma Diva e ao mesmo tempo ter uma proximidade muito grande com seu público. Outro detalhe, é que a pesar do lugar de grande estrela que ocupava dentro do ambiente de trabalho, ela fazia questão de se desculpar quando cometia um erro ou se enganava.

“Não existe um motivo para você mudar sua personalidade, só porque você está numa situação melhor que o outro”.

10. Lutar pela vida.

Em janeiro de 2010 ela foi diagnosticada de câncer do peritônio, passou por uma cirurgia para a retirada do tumor e fez sessões de quimioterapia. Mesmo com a queda dos cabelos continuou trabalhando de peruca. A saúde de Hebe se agravou nos últimos seis meses, em março ela passou por uma cirurgia de emergência por obstrução intestinal e em junho outra para retirar a vesícula. Nos meses de julho e agosto chegou a ser internada para tratamento nutricional e metabólico. Mesmo com tudo, aceitou voltar a trabalhar em uma emissora de televisão e sua volta aos palcos era esperada.

“Não tenho medo de morrer, tenho peninha. Peninha de deixar as pessoas que amo e essa vida tão boa que tenho”.

Médico especialista em Administração Hospitalar e Marketing em Saúde. Autor do composto "10 P's do Marketing em Saúde". Professor do curso online Marketing Estratégico para Clínicas e Empresas de Saúde. CEO da HMDoctors, Assessor da Stratas Partners (Suíça) para o acesso ao mercado hospitalar brasileiro, Consultor de Gestão de Carreira e Marketing Médico, e Revisor de artigos e publicações sobre Gestão, Empreendedorismo e Marketing em Saúde para a revista eletrônica Gestão e Saúde da Universidade de Brasília - UNB. Formado em medicina com pós graduação em epidemiologia, formado em administração hospitalar e MBA em organizações hospitalares e sistemas de saúde pela FGV. 16 anos de experiência em hospitais públicos, privados, institutos de pesquisa clínica e consultor para empresas nacionais e multinacionais.

2 comentários em: “Hebe Camargo: 10 lições de Vida e de Carreira.

  1. Realmente, manter-se num mercado tão etéreo como é o das personalidades e celebridades, numa competição ferrenha é para poucos! Ainda mais depois dos anos 90 em que todos ficaram “velhos” e só contam a boa aparência e a juventude em muitos dos casos….Soma-se a isso o fato de que ela não teve “escola” para aprender a ser apresentadora, quando então deixou a cantora de lado, e como seu programa tinha bons patrocinadores. Alguns devem lembrar da “loiruda” que ela tomava no palco. Hebe foi aprendendo, certamente com muita flexibilidade, com um modo político – no bom sentido – de se adaptar sem perder a autenticidade, o que deve ser marca registrada de personalidades públicas. Um exemplo!

  2. Com certeza nossas alegrias e exemplo de bem com a vida param nesse exemplo. Mas teremos outros, não esquecendo jamais de nossa querida Hebe. Eramos fãs de seus programas, que Deus abençoe e conforte a familia. Com nosso carinho

Deixe uma resposta para Marcia Damasceno Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

× Como posso lhe ajudar?